quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Etnocídio dos Krenak


Etnocídio dos Krenak é tema de documentário disponível no Youtube

Com depoimentos de nativos e de especialistas, filme atesta a resistência da tribo diante da ameaça constante de extermínio






Em meados de 2014, o Ministério Público Federal coletou material para investigar a violência histórica contra o povo Krenak, oriundo da região leste de Minas Gerais. O objetivo era fornecer dados aos estudos da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, responsável pela temática dos povos indígenas e tradicionais. As informações também serviram como base para o documentário Guerra Sem Fim – Resistência e Luta do Povo Krenak, produzido pela Unnova e lançado em agosto, na Semana da Verdade 2016. Depois de exibido na programação da Virada Sustentável, o filme foi disponibilizado no Youtube.

Durante quase trinta minutos, o espectador acompanha os momentos cruciais em que o povo Krenak sofreu com a violência de grupos opressores. Desde a chegada dos portugueses ao País, eles foram afastados de seu território e submetidos a atos civilizatórios, tendo de fugir das ações colonizadoras que seguiam a doutrina da “guerra justa”.

Já na altura dos anos 1910, quando criado o SPILTN (Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais), os Krenak foram alertados a deixarem suas terras na região de Resplendor, Minas Gerais, de modo a abrir espaço para a estrada de ferro Vitória-Minas. O gesto, aparentemente de proteção, na verdade escondia a intenção de facilitar a tomada das terras por fazendeiros.

É neste momento que os Krenak começam a ser alocados em aldeias e em postos indígenas, por conta de ataques de fazendeiros à tribo, principalmente após o Massacre de Kuparaque, em 1923. “Hoje a aldeia é vista por muitas pessoas como um lugar onde os índios ficam, né? Mas a aldeia, na verdade, é uma represália criada pelo não-indígena para nós, porque para índio não tem cerca”, aponta Douglas Krenak, representante de seu povo na luta dos povos indígenas com o governo, na primeira parte do documentário.

Vendo que a resistência do grupo não era fácil de ser controlada e para acomodar melhor os fazendeiros, o SPILTN removeu-os do posto indígena Guido Malière e levou-os para os arredores de Água Formosa em 1953. O local era habitado pelos Maxacali, que viram a situação com muito estranhamento. Afinal, um povo diferente estava sendo forçado a fazer moradia em seu território. Na medida em que iam sendo levados de um lugar para o outro, os Krenak tinham de aprender a manter sua cultura, reinventando-a muitas vezes para que não fosse diluída pelo choque sofrido no processo que, mais para frente, foi batizado de “multiterritorialidade”.

Só em 1959 voltaram – a pé – para o local de origem, onde hoje fica o município de Resplendor, e encontram suas terras completamente tomadas por fazendeiros e pela Polícia Florestal. Mais de dez anos depois, no auge da ditadura militar, o governo Médici percebeu a dificuldade de seus soldados em controlar aquele povo e determinou que os próprios índios fossem militarizados, provocando a descaracterização da etnia e, em última instância, o começo de seu extermínio. Assim surgiu a GRIN (Guarda Rural Indígena), tendo Manoel dos Santos Pinheiro como nome principal – citado no documentário como o “temido Capitão Pinheiro”.

Era mais fácil que militares colocassem indígenas para reprimirem seus iguais, em um processo de “policiamento ostensivo das terras”. Aqueles que cometessem algum tipo de irregularidade – como vadiagem, relações sexuais ilegítimas e roubos, entre outros delitos – eram levados para o Reformatório Agrícola Krenak, chefiado por Oscar Geronymo Bandeira de Mello. Ao menos 15 etnias diferentes foram levadas ao presídio, segundo informações do documentário. O local era, na verdade, um presídio onde ocorreram torturas e execuções, além de desaparecimentos. O governo tratava disso como forma de levar cidadania aos povos nativos, tentando “integrá-los à sociedade”, o que não difere das práticas de “civilização forçada” feitas no Brasil colonial – sempre visando os interesses hegemônicos de quem esteve no poder.

Uma ação de reintegração de posse, de 1971, devolveria as terras tomadas pelos fazendeiros aos Krenak. Tal situação gerou revolta entre os poderosos locais, resultando num processo de perseguição àquele povo indígena. Nesse contexto, o capitão Pinheiro negociou a troca das terras em Resplendor pela Fazenda Guarani, outro local militarizado pelo governo, desterritorializando os Krenak outra vez. Para lá foram levados outros grupos, como os baianos Pataxós, o que irritou os mineiros, fazendo com que se dispersassem para locais aleatórios em São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

A 6ª Câmara de Coordenação e Revisão investiga todos esses abusos. Em 2015, houve um pedido de anistia aos Krenak, culminando em pedidos de remarcação e proteção de terras, reparação de danos e promoção de sua cultura. No final de 2014, a Comissão Nacional da Verdade estimou, em relatório, que ao menos oito mil índios foram vítimas da violência do regime militar.

O desastre ambiental causado pelo rompimento de barragens da Samarco, em 2015, foi o último caso de agressão aos Krenak que se tem notícia. Centenas de membros da etnia sentaram na estrada de ferro Vitória-Minas para protestar e chorar o prejuízo causado na região de Mariana (MG) e no Rio Doce, considerado sagrado por eles.

Grupo : Raphael Franskoviaki e André Lenk
Turma : 1°C Agpi

Biografia Ailton Krenak

Biografia Ailton Krenak


Ailton Krenak
Líder Indígena 

Ailton Alves Lacerda Krenak, mais conhecido como Ailton Krenak, é um líder indígena brasileiro, ambientalista e escritor. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional. Pertence à etnia indígena crenaque.
Nasceu em 1953 no estado de Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce. Aos dezessete anos de idade, mudou-se com sua família para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista.
Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa a promover a cultura indígena. Teve emenda popular assegurando sua participação no Congresso Nacional do Brasil para o processo constituinte em 1986, Ailton participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1988. Foi durante a Assembleia Constituinte, em 1987, que Ailton protagonizou uma das cenas mais marcantes da mesma: em discurso na tribuna, pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo, segundo o tradicional costume indígena brasileiro, para protestar contra o que considerava um retrocesso na luta pelos direitos dos índios brasileiros.
Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa a representar os interesses indígenas dentro do cenário nacional.
Em 1989, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava ao estabelecimento de reservas naturais na Amazônia onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta.
Retornou a Minas Gerais, onde passou a se dedicar ao Núcleo de Cultura Indígena. Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, que visa a promover a integração entre as diferentes etnias indígenas brasileiras.
Em 1999, sua narrativa "O Eterno Retorno do Encontro" foi publicado no livro "A Outra Margem do Ocidente", organizado por Adauto Novaes.
No dia 18 de fevereiro de 2016, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concedeu, a Krenak, o título de Professor Doutor Honoris Causa, um reconhecimento pela sua importância na luta pelos direitos dos povos indígenas e pelas causas ambientais no país. Nesta mesma universidade, Krenak leciona as disciplinas "Cultura e História dos Povos Indígenas" e "Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais", ambos em cursos de especialização.
Foi assessor especial do Governo de Minas Gerais para assuntos indígenas de 2003 a 2010


Dupla : Raphael Franskoviaki e André Lenk 
Turma : 1°C agpi
Link da Pesquisa :http://ailtonkrenak.blogspot.com.br/ e  https://pt.wikipedia.org/wiki/Ailton_Krenak